Você já ouviu falar do leite A2A2, certo? Mas, sabe o que é, de fato, esse produto? Ou o porquê de ter ganhado tanto destaque no mercado atual? E até mesmo o que é a certificação de vacas A2A2? Não se preocupe!
Desenvolvemos esse conteúdo para solucionar essas e demais dúvidas sobre o assunto. Então, continue a leitura para conferir mais informações e detalhes do leite A2A2.
Vamos lá?
Mas, afinal, o que é leite A2A2?
O leite A2A2 é derivado de vacas que possuem um genoma específico. Ele está ganhando destaque no mercado da pecuária e entre os consumidores devido a sua facilidade de digestão.
Segundo um artigo, existem mais de 40 composições proteicas de um leite. Dentre elas, tem as proteínas Caseínas que, por sua vez, se dividem em:
- Alfa S1-Caseína;
- Alfa S2-Caseína;
- Beta-Caseína;
- Kappa-Caseína.
O foco aqui é a Beta-Caseína. Ela também apresenta 13 variantes genéticas, sendo a A1 e a A2, as mais comumente encontradas entre as raças leiteiras. No entanto, o leite A1 tende a ser o mais consumido.
Em paralelo, conforme o Anuário do Leite de 2023, da EMBRAPA, estima-se que a mutação do alelo A1 aconteceu há milhares de anos. Provavelmente, durante a domesticação do gado leiteiro na Europa e no Oriente Médio.
A mudança se dá no nucleotídeo localizado no cromossomo 6. Ele substitui a adenina (alelo A1) por uma citosina (alelo A2). Essa alteração genética se espalhou por conta da seleção artificial e cruzamentos realizados com o intuito de aumentar a produção.
De todo modo, a mutação atrapalha a correta digestão humana do leite de vacas com um ou dois alelos A1 (A1A1 E A1A2). O que pode ocasionar diferentes problemas de saúde para o consumidor.
Em contrapartida, o consumo de leite de vacas A2A2 não causa nenhum tipo de adversidade devido ao peptídeo beta-casomorfina-9, formado durante a digestão.
Sendo assim, o leite A2 tem sido percebido como um produto mais favorável à saúde humana. Por consequência, os produtores, ao perceber essa mudança de comportamento de consumo, têm selecionado os animais por este alelo.
Contudo, esse número ainda é reduzido. São poucos os pecuaristas que perceberam esse produto como uma oportunidade de mercado importante para a competitividade.
Panorama mercadológico do leite A2A2
Ainda conforme o anuário da EMBRAPA, estudos apontam que o opioide da beta-casomorfina-7 (proveniente do alelo A1) pode apresentar relações com:
- Morte súbita infantil;
- Efeitos no sistema nervoso central;
- Doenças cardiovasculares;
- Diabetes Mellitus insulino-dependente;
- Psicose pós-parto;
- Potencialização dos espectros de autismo;
- Intensificação de esquizofrenia;
- Condições autoimunes;
- Alergia ao leite.
Vale destacar que, conforme o Ministério da Saúde, a Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) é uma reação do sistema imunológico às proteínas do leite. Principalmente a caseína e as proteínas do soro do leite.
Por outro lado, o A2 tem sido correlacionado com a redução de riscos de doenças cardíacas e de diabetes tipo 1 em crianças. Por isso, tem se tornado tendência entre os consumidores.
Até 2003, a Nova Zelândia era líder em produção e exportação de leite A2A2. Isso porque o país descobriu a matéria-prima em 1990. Entretanto, em 2015, a patente caiu, fazendo com que o leite A2 pudesse ser produzido no mundo todo.
Atualmente, ainda conforme números citados pela EMBRAPA, em 2022, o mercado global do leite A2A2 e seus derivados foram avaliados em US$8 bilhões. Para 2030, a expectativa é de que esse mercado chegue aos US$25 bilhões!
Já, no Brasil, o crescimento ocorre de maneira mais tímida. O segmento de leite A2 nacional é estimado em cerca de R$100 milhões anuais. Isso corresponde a menos de 1% de todo o mercado do leite.
Inclusive, segundo a FairFood o mercado consumidor para leite A2A2 equivale a 20% da população brasileira.
Diante desse contexto, é possível afirmar que o produtor que seleciona o rebanho para oferecer matrizes A2A2 certificadas ganhará maior reconhecimento no mercado.
Hoje, há espaço para pioneirismo e desenvolvimento, tornando o pecuarista que aposta no leite A2A2. Uma grande referência no setor ao agregar valor no produto final.
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Como conseguir a certificação de vacas A2A2?
A Integral Certificação lançou, em 2019, o Selo Vacas A2A2, de aplicação no território nacional. Ele é responsável por garantir a origem e a rastreabilidade do leite A2, certificando a qualidade genética do produto e evitando a mistura com o alelo A1.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se juntou à Integral Certificações para facilitar o processo de aquisição do selo. Ele pode ser iniciado por produtores rurais e indústrias que cumprem as regras estabelecidas no protocolo VACAS A2A2.
O mesmo garante a assertividade da rotulagem, identificação e utilização do Selo Vacas A2A2 para animais e produtos do mercado interno. Ele reforça que os alimentos sejam provenientes de animais identificados e acompanhados.
Segundo a Integral Certificações (FairFood), o selo é independente e de adesão voluntária. Ele acontece a partir da Certificação de Terceira Parte que verifica se há um sistema de gerenciamento ou procedimento estabelecido. E se o mesmo está documentado e mantido em conformidade com as normas e escopos específicos.
Aqui, são auditados os processos de:
- Genotipagem dos animais;
- Identificação;
- Obtenção;
- Armazenamento;
- Logística;
- Processamento do leite A2A2.
Para a produção do leite A2A2, os bovinos são selecionados conforme a capacidade de produção apenas da beta-caseína A2. Para a seleção, é preciso uma análise genética, por meio de testes laboratoriais. Eles determinarão se há o genótipo no animal.
Ou seja, não é possível apostar em medidas de manejo alimentar para se produzir o leite A2, por exemplo.
De todo modo, para o produtor participar da certificação de vacas A2A2 é preciso realizar o cadastro junto ao Integral Certificações. O mesmo deverá seguir os que está descrito nos materiais para garantir a correta adesão. Para ter acesso a eles, basta acessar a plataforma da FairFood.
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Saiba sobre as demais novidades do setor!
Como vimos, o leite A2A2 é a mais nova tendência do segmento leiteiro. Compreender sobre o assunto é o primeiro passo para o correto investimento nesse tipo de produto, agregando valor à sua produção.
Mas, continuar se aprofundando nas novidades é uma excelente maneira de também se manter competitivo. Há inúmeras transformações que podem se tornar grandes oportunidades mercadológicas de desenvolvimento e evolução.
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